quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O Nobel é latino-americano

Hoje a América Latina comemora o reconhecimento da obra de tão importante escritor peruano, Mário Vargas Llosa, que recebeu o prêmio Nobel de Literatura.
Esse prêmio é de todos nós, leitores e escritores das partes baixas do planeta, porque mostra que aqui nas regiões tropicais também se faz literatura da melhor qualidade, também temos intelectuais da mais alta capacidade e pensadores que ajudam a discutir e debater as questões mundiais.
Sobre Vargas Llosa, Gabriel Garcia Marquez (colombiano, prêmio Nobel em 1982) e Pablo Neruda (chileno, prêmio Nobel em 1971) -  todos maravilhosos e revolucionários e cujos livros marcaram a minha vida -  existe informação aos montes por aí, ainda bem!
Mas, quero falar especialmente de um outro prêmio Nobel da Literatura, de 1945, que nós brasileiros pouco conhecemos. Trata-se de uma mulher, chilena e nascida no século XIX: Gabriela Mistral. Há 2 anos, quando estive no Chile, ouvi falar muito dessa poetisa, que viveu de 1889 a 1957.
Gabriela foi a primeira pessoa nascida na América Latina a ganhar o prêmio e a quarta mulher, precedida de 3 europeias: a sueca Selma Lagerlof (1909), a italiana Grazia Deledda (1926) e a norueguesa Sigrid Undset (1928).  Depois dela, apenas mais 6 mulheres ganharam o Nobel de Literatura, que existe desde 1901.
A professora primária Gabriela Mistral tornou-se conhecida em todo o Chile quando ganhou um prêmio de literatura em Santiago, no ano de 1914, época em que cenário era totalmente dominado por homens.
Sua biografia foi fortemente marcada pelo suicídio do noivo, em 1907. Sozinha durante toda a vida, Gabriela colocou todo o seu amor e a ausência dele em poemas muito marcados pelo sentimento, pela dor, pelo imenso carinho pelas crianças e pela humanidade. Poesia densa, forte, impactante.
Grande exemplo de mulher e de escritora sensível, quebrou tabus, ousou e foi reconhecida apenas por falar de amor.
Monumento a Gabriela Mistral, em Viña Del Mar, Chile - Foto: Adriana Macedo


Veja aí um pouco de Gabriela Mistral:
COPLAS
         
A tudo, em minha boca,
um sabor de lágrimas se acresce;
a meu pão cotidiano, a meu canto
e até à minha prece.

Eu não tenho outro oficio,
depois do silente de amar-te,
que este oficio de lágrimas, duro,
que tu me deixaste.

Olhos apertados
de candentes lágrimas!
Boca atribulada e convulsa,
em que prece tudo se tornava!

Tenho um vergonha
deste modo covarde de ser!
Nem vou em tua busca
nem consigo também te esquecer!

E há um romoer que me sangra
de olhar um céu
não visto por teus olhos,
de apalpar as rosas
sustentadas pela cal de teus ossos!

2 comentários:

  1. Lindo demais!!! Precisamos de mulheres como ela!!!!
    Adorei seu blog!!!! Serei assídua!
    Beijosssssssssssss

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  2. Precisamos de seres humanos que acreditam na vida e, na infinita capacidade de conquistar. Sejam homens ou mulheres!!!!!!

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