quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Filha de nordestinos que ama o Brasil sem fronteiras

Nasci em São Paulo, como milhões de paulistanos, apenas pelo fato de meus pais, trabalhadores rurais no sertão cearence, não encontrarem naquela época condições mínimas de trabalho e renda para manterem suas famílias com dignidade.
Para cá vieram ainda na década de 60, mais precisamente em 1968, pleno ano da ditadura pesada, do AI-5.
Lembro de que minha casa era sempre cheia de parentes. Quem já tinha casa recebia os outros, até que esses se estabilizassem e pudessem garantir o seu teto. Eram tempos difíceis, mas de muita solidariedade e muito, muito trabalho.
Meu pai aqui aprendeu o ofício de marceneiro, no qual trabalhou durante toda a sua vida. Levou marmita, pegou ônibus lotado, acordou às 5h da manhã, respirou muito pó de serragem e ouviu muito barulho alto de máquina, durante 30 anos de trabalho.
Me recordo com muito carinho da rotina diária de minha mãe, olhando-o descer do ônibus às 18h em ponto e indo colocar sua janta na mesa, para assim que ele entrasse, a comidinha estivesse lá, quentinha, para quem vinha faminto de um dia inteiro de trabalho pesado. Aquela comida simples tinha gosto de amor, de afeto, de cuidado...
E foi nessa luta, que Francisco mandou os três filhos para a faculdade (dois deles para a universidade pública), o que sempre foi sua grande meta de vida.  
Lá no bairro da Freguesia do Ó, eu nunca tinha sentido o preconceito, pois a grande maioria era formada por nordestinos, ou imigrantes mineiros, nortistas. Mas, conforme fui crescendo e adentrando a outras regiões da cidade, ouvi muitas barbaridades, muitas agressões, muitas discriminações que não entendia e com as quais me revoltava. Já briguei muito defendendo os nordestinos, quem me conhece sabe como eu era mais combativa, revoltada e até agressiva.
Hoje, vejo esses atos fascistas, xenofóbicos, preconceituosos e criminosos (divulgados no Twitter contra os nordestinos, em virtude da vitória da candidata Dilma Rousseff para presidente) vindo de pessoas jovens, que têm formação e informação, e me dá uma profunda tristeza, uma sensação de que não estamos evoluindo enquanto nação, enquanto cidadãos, enquanto seres humanos.
Que tipo de valores esses jovens estão recebendo em casa para disseminar tanto ódio gratuito, tanta barbaridade, tanta violência?
Eu sempre defendi um Brasil sem fronteiras, um mundo sem fronteiras. As cidades, estados, regiões, países são apenas divisões políticas e administrativas, a Terra é inteira, única, completa.
Ao mesmo tempo, amo e admiro as diferenças. Que lindo país temos, com tantas culturas, tantos sotaques, como adoro o oxente baiano, o sotaque cheio de “s” do carioca, os “uais” mineiros... Aliás, também repugno essa rixa estúpida entre paulistas e cariocas. Sou paulistana e amo o Rio de Janeiro.
Como é gostoso viajar e ouvir diferentes formas de pronúncia, comer comidas diferentes. Como aprendemos como viviam os europeus quando vamos ao sul, e as culturas africanas na Bahia. E a variedade de cores de pele, olhos, cabelos, como é rico e belo.
Que triste seria se todos tivéssemos a mesma aparência, o mesmo sotaque, o mesmo modo de pensar... Seríamos como robôs, cópias clonadas, máquinas. Viva a diferença! E é respeitando as diferenças que percebemos que, na essência, somos todos realmente iguais!

sábado, 9 de outubro de 2010

Debate no Facebook

E o debate político está acirrado nas redes sociais. Veja a pequena repercussão do meu post de apoio à Dilma.

Adriana Macedo - Eu voto Dilma presidente no segundo turno

    • Lais Leoni Dri, NAO ACREDITO que vc vota na Dilma, mesmo sabendo de poeira embaixo do tapete do PT. E o caso da Erenice, como jornalista o que vc tem a dizer
    • Lais Leoni Tudo bem, que o serra nao é meu candidato. Votei na Marina e no PV de ponta a ponta. Com certeza anularei meu voto, porque nao sao candidatos em quem eu confio
    • Alain Molinas Pra quem ainda não percebeu que o Serra só chegou no segundo turno por todas as noticias plantadas pela Globo tentando denegrir o PT, eu peço que procure informações sobre o caso de sequestro quando Collor foi eleito e a TV e a midia forjar...am imagens dos sequestradores com a camisa do PT e isso elegeu o Collor. Não defendo pessoas nem partidos, mas fico indignado com a facilidade que todos os canais de midia tem de manipular informações e votos e ninguem contesta. Esse é o verdadeiro Quarto Poder !!! Mas vejo como o Primeiro Poder, porque pode e faz de tudo para alcançar seus interesses comerciais e de influência... Pense nisso... Quem anula voto é porque aceita ser governado por qualquer um... mas podemos analisar o menos pior, conhecendo proposta, diretrizes e idéias. Serra é privatização, é aprovação automática da educação como em SP, é esvaziamento do estado na economia, autonomia do mercado, é aumento de taxa de desemprego para competitividade internacional, é burocracia e tecnólogos... Serra é FHC, com mesma ideologia e direção das ações. Serra é Neoliberalismo, é governo de gráficos e números, não para as pessoas, não para o social, sem sensibilidade nem coração. Só minha visão e opinião. Minha. 
    • Adriana Macedo  Lá, voto na continuidade do projeto de governo do PT, pois foi o governo que mais olhou pela causa dos pobres e miseráveis, tendo tirado 23 milhões de pessoas da linha de pobreza, com seus projetos de distribuição de renda; porque se preocu...pou com a educação, tendo criado 10 universidades públicas federais e 214 escolas de ensino técnico; porque criou 11 milhões de empregos; porque manteve a economia do Brasil estável, mesmo durante três crises internacionais; porque fortaleceu a nossa moeda frente ao dólar (que passou de R3 para R$1,78); e tantas outras medidas realizadas que não cabem aqui... mas podemos discutir a qualquer momento!!! Não anule o seu voto, procure analisar o que ambos os candidatos propõem e opte por um que achar mais correto! Bjs, Adri
    • Cleusa Tófoli Concordo com vc, Adriana!
    • Patricia Dantas Apoiado!Serra nem no sonho.. só em pesadelos!!!
    • Patricia Dantas Fora que analisando esses oito anos de governo Lula,nunca vi tanta gente fazendo ponte aerea de todas as classes sociais,aeroportos lotados...frota de carros novos rodando na cidade,mercado imobiliario bombando,em Pernambuco o porto de Suap...e trouxe oportunidades de emprego para quem antes vivia sem o minimo de dignidade para sustentar uma familia,reduzindo a migração de nordestinos pobres vislumbrando uma vida de sonhos em SP e qdo chegavam por aqui a realidade era bem cruel..e fora que de cada dez amigos que tenho,dez ja viajaram para fora do Pais..economia estavel,dólar baixo.É claro,que não vai existir o mundo perfeito,um Pais não é feito por pessoas,é feito por consciencia e respeito,e isso todos nós temos o dever e a obrigação de fazer a nossa parte!
    • Alain Molinas É a partir disso tudo que temos que pensar no voto, e essa é a hora de caminharmos por rumos mais estáveis. Se os ventos estão a nosso favor, porque virar a vela do barco agora, arriscando navegar por lugares e idéias obscuras ??? A história está a nosso favor.
       
    • Alain Molinas
      Vou dar-lhes mais parâmetros e coisas para se pensar. Para quem não sabe e não entendeu a presença do desconhecido vice do Serra vou passar-llhes algo do curriculo dele que está disseminado por todos os nossos emails: O Índio da Costa entro...u para trabalhar na forma do Terrorismo virtual, guerrilha pela internet, por redes sociais e coisas afins no intuito de disseminar boatos e dossiês. Acho que todos que têm emails e cadastro nas redes sociais diversas viram a quantidade de informações que foram dadas como verdadeiras e um monte de mentiras e imbecilidades foram propagadas atingindo os mais desinformados e leigos. Para mim que sou formado em Ciência Política e acompanho todos os processos a muitos anos fiquei assustando com o poder que teve e a força de forjar um segundo turno a partir de inverdades e calunias da mídia. Pensem... pensem... Nem tudo que é informação é conhecimento nem verdade.


quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O Nobel é latino-americano

Hoje a América Latina comemora o reconhecimento da obra de tão importante escritor peruano, Mário Vargas Llosa, que recebeu o prêmio Nobel de Literatura.
Esse prêmio é de todos nós, leitores e escritores das partes baixas do planeta, porque mostra que aqui nas regiões tropicais também se faz literatura da melhor qualidade, também temos intelectuais da mais alta capacidade e pensadores que ajudam a discutir e debater as questões mundiais.
Sobre Vargas Llosa, Gabriel Garcia Marquez (colombiano, prêmio Nobel em 1982) e Pablo Neruda (chileno, prêmio Nobel em 1971) -  todos maravilhosos e revolucionários e cujos livros marcaram a minha vida -  existe informação aos montes por aí, ainda bem!
Mas, quero falar especialmente de um outro prêmio Nobel da Literatura, de 1945, que nós brasileiros pouco conhecemos. Trata-se de uma mulher, chilena e nascida no século XIX: Gabriela Mistral. Há 2 anos, quando estive no Chile, ouvi falar muito dessa poetisa, que viveu de 1889 a 1957.
Gabriela foi a primeira pessoa nascida na América Latina a ganhar o prêmio e a quarta mulher, precedida de 3 europeias: a sueca Selma Lagerlof (1909), a italiana Grazia Deledda (1926) e a norueguesa Sigrid Undset (1928).  Depois dela, apenas mais 6 mulheres ganharam o Nobel de Literatura, que existe desde 1901.
A professora primária Gabriela Mistral tornou-se conhecida em todo o Chile quando ganhou um prêmio de literatura em Santiago, no ano de 1914, época em que cenário era totalmente dominado por homens.
Sua biografia foi fortemente marcada pelo suicídio do noivo, em 1907. Sozinha durante toda a vida, Gabriela colocou todo o seu amor e a ausência dele em poemas muito marcados pelo sentimento, pela dor, pelo imenso carinho pelas crianças e pela humanidade. Poesia densa, forte, impactante.
Grande exemplo de mulher e de escritora sensível, quebrou tabus, ousou e foi reconhecida apenas por falar de amor.
Monumento a Gabriela Mistral, em Viña Del Mar, Chile - Foto: Adriana Macedo


Veja aí um pouco de Gabriela Mistral:
COPLAS
         
A tudo, em minha boca,
um sabor de lágrimas se acresce;
a meu pão cotidiano, a meu canto
e até à minha prece.

Eu não tenho outro oficio,
depois do silente de amar-te,
que este oficio de lágrimas, duro,
que tu me deixaste.

Olhos apertados
de candentes lágrimas!
Boca atribulada e convulsa,
em que prece tudo se tornava!

Tenho um vergonha
deste modo covarde de ser!
Nem vou em tua busca
nem consigo também te esquecer!

E há um romoer que me sangra
de olhar um céu
não visto por teus olhos,
de apalpar as rosas
sustentadas pela cal de teus ossos!

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Gastar menos para viajar mais

Viajar para mim não é lazer, nem apenas diversão ou passatempo. Viajar para mim é uma necessidade. Eu “preciso”, de tempos em tempos, ir para um lugar novo, diferente, onde nunca tenha estado antes.

Acho que esse vício foi culpa dos meus pais. Não que eles sejam viajantes, mas tiveram a coragem de me colocar, juntamente com toda a família, num ônibus de São Paulo ao sertão nordestino, quando eu acabava de completar um mês de vida. Foi minha primeira grande aventura. Uma longa viagem de três dias pelas estradas brasileiras que, se hoje ainda são bem capengas, imagine em meados da década de 70. Resultado: peguei gosto e nunca mais larguei!


Tanto que meu objetivo de vida não é fazer fortuna, acumular bens, comprar carrões, casas de praia, nada disso... Meu objetivo de vida é percorrer todos os continentes... Sei que preciso viver muito (e trabalhar mais ainda!) para realizar esse sonho... Mas, vou driblando a dureza otimizando ao máximo as viagens. Vão aí alguns dos meus truques para viajar bem e barato!

O maravilhoso mundo das milhas. Cartão de crédito que acumula milhas prá mim é ouro. Isso mesmo, concentro todas as minhas despesas num único cartão que oferece milhas. Claro que é preciso muita cautela para não passar o limite e acabar acumulando...  dívidas.

Hospedagens alternativas. Albergues da Juventude no Brasil e no mundo são uma ótima pedida para quem não faz questão de luxo e quer conhecer gente de todas as partes do planeta. No Brasil, os albergues estão cada vez melhores, bonitos e com boa infra-estrutura. Tive a oportunidade de conhecer vários e saí bem satisfeita da maioria. Recomendo vivamente: Lua Cheia Hostel, em Natal/RN; Hotel Albergue de Olinda /PE, Zorro Hostel, na Ilha do Mel/PR; Marina dos Anjos Hostel, em Arraial do Cabo/RJ. Todos lindos, acolhedores, bem localizados, maravilhosos. No site http://www.albergues.com.br/, você encontra todos esses e muito mais. É só fazer sua carteirinha e reservar sua vaga. 

Outra boa opção no Brasil é a rede hoteleira do Sesc. Para quem tem carteirinha de comerciário (trabalhadores do comércio e serviços), os preços são muito em conta. Recomendo, principalmente, o Sesc de Salvador/BA e o de Guarapari/ES. Verdadeiros complexos hoteleiros, com pensão completa, a preço de pousadinha de beira de estrada. (Vou postar algumas fotos desses lugares, prometo!)

Para os mais aventureiros, acampar pode ser uma maravilha. Os campings também estão cada vez mais equipados, com banheiros limpos, chuveiros quentes, segurança e grandes possibilidades de novos amigos. Ah, e o conforto fica por conta de um bom colchão inflável, não tem coisa melhor, é leve para transportar e transforma qualquer barraca numa suíte presidencial. Juro!

Planejamento antecipado. Isso é fundamental para quem deseja fazer viagens econômicas. Os lugares mais baratos sempre esgotam suas vagas muito rapidamente. Se você pretende viajar em feriados prolongados ou férias, reserve tudo com, pelo menos, dois meses de antecedência. É sério!

Transporte e alimentação. Carro cheio é melhor, a galera divide combustível e pedágios e se reveza no volante. Ônibus para pequenas e médias distâncias também é uma boa, e você ainda pode admirar a paisagem. E, fique de olho nas promoções, cada vez mais frequentes, das companhias aéreas.


A comida também é um fator importante. Não deixe de experimentar a culinária local, afinal faz parte da graça da viagem. Mas, fuja dos restaurantes badalados voltados para turistas. Procurando bem, você pode encontrar lugares bem típicos, frequentados pelos moradores, e com preços bastante razoáveis. Vale a pena se aventurar fora do circuito “onde todo mundo vai”.

Só de falar, já sinto o cheiro de aeroporto, rodoviária, porto... já sinto o vento da estrada a me bagunçar os cabelos...

A chance de viver


Quero abrir esse espaço falando aos meus amigos sobre vida. E não é possível falar dela sem o seu contraponto, a morte.
Com o debate político fervendo por toda parte nesse intervalo entre turnos, um assunto que sempre vem à tona é o aborto. Os candidatos sempre se esquivam desta questão polêmica, uns propõem um plebiscito, outros dizem que pode ser permitido em alguns casos, uns acham que é questão de saúde pública, outros que é uma questão religiosa... Fato é que muitas pessoas me perguntaram recentemente se sou contra ou a favor.
Já tive minhas dúvidas, e já variei um pouco a minha posição, sempre relativizando os motivos tão íntimos e pessoais de cada mulher, cada situação.
Mas, hoje posso afirmar que sou contra. Primeiramente, porque eu mesma já tive a indesejada experiência de passar por quatro abortos involuntários, que marcaram o meu corpo, a minha vida, a minha alma. Por quatro vezes na minha vida lutei efetivamente contra o aborto, portanto, não poderia aqui defendê-lo, seria contraditório com minha própria história.   
Segundo, porque acredito que a vida já tem início no momento da fecundação, logo, existe uma vida embrionária que não pertence nem à mãe, nem ao pai, uma vida independente, hospedada temporariamente no corpo feminino, como todos nós estivemos um dia.
Também porque acredito que a vida é sagrada e ninguém tem o direito de ceifá-la, interrompê-la ou abreviá-la. E acredito que quem faz isso carrega um grande carma espiritual.
Mas, reconheço que essa é a minha visão parcial, unilateral, pessoal. Reconheço também que há razões, motivos, necessidades, carências, ausências, violências, doenças, inseguranças e tantas e tantas motivações que levam muitas mulheres (e homens) a esse ato.
Acredito na necessidade do debate mais aberto, mais franco, menos hipócrita e menos moralista. Mais realista. Acredito na educação para que todos tenham acesso a um planejamento familiar e à escolha da hora em que realmente querem assumir o compromisso da maternidade e paternidade.
Sou contra o aborto porque interrompe uma vida, interrompe um ser de abrir os olhos e ver toda a beleza impressionante do nosso planeta, experimentar tantas sensações, amar e sofrer... porque impede um ser humano de viver.